A Aliança dos Estados do Sahel (AES) frente à ordem neocolonial e à crise ambiental da região

Resumo

Em 2023, é formada a Aliança dos Estados do Sahel (AES), composta por Burkina Faso, Níger e a República do Mali. Esses três Estados possuem certas características em comum. São três países com grande vulnerabilidade política, ambiental e econômica, mas com uma alta riqueza em minerais, que são extraídos por empresas transnacionais. Toda a região do Sahel sofre um processo de desertificação devido às altas temperaturas e à escassez de água, somado à lógica do extrativismo. No plano político, esses territórios apresentam um amplo mosaico de diferentes grupos terroristas que ocupam o território, além de líderes políticos que respondem aos interesses dos antigos centros coloniais. A partir dos golpes de Estado de 2022, essa lógica neocolonial começou a ser revertida, o que resultou na formação da AES — uma aliança que busca romper os laços neocoloniais para impulsionar as economias nacionais, combater os impactos ambientais do extrativismo, intensificar a luta contra o terrorismo e melhorar a qualidade de vida de sua população. Neste artigo, busca-se analisar como a formação da Aliança dos Estados do Sahel (AES), como um processo de cooperação regional entre Estados-nação, impacta a ordem neocolonial europeia em relação à extração de recursos naturais nesses territórios e seus impactos ambientais.